Um quarto de hospital


                                                                 Imagem Editada

Por Gontran Neto/Urtiga do Juruá

Não, hoje não falarei sobre os atos terroristas, genocídio na comunidade Yanomamis, da farra descarada do cartão corporativo de Bolsonaro, rombo das americanas ou do “erro” do Banco Central em que o fluxo cambial de 2022 não foi positivo e, sim, negativo muito menos do covarde fascista imbrochável que fugiu para os Estados Unidos ou do golpe contra a presidenta Dilma, também não vou falar da farinha de Cruzeiro do Sul que o Governador Gladson Cameli deu de presente ao Presidente Lula.

Me dedico a destacar o ambiente de um quarto de uma enfermaria do Hospital do Juruá e seus nervosos “hospedes”, em que o medo se sobrepõe aos destemidos e o companheirismo com outros “estranhos” colegas de quarto se torna protagonista, apesar do comando controlado e dirigido dignamente por profissionais dedicados que oferecem segurança, simpatia e comprometimento, outros cumprem horários e não se deixam envolver pela emoção, por vezes, se tornam frios e são engolidos pela delicadeza e sensibilidade de outros, em especial com as crianças e os idosos.

Tudo é disciplinado, e no devido tempo os pacientes são assistidos e medicados, todas as regras estabelecidas precisam ser cumpridas, para que outros enfermos tenham os cuidados e a atenção merecida, é crucial cada um compreender a dor e angústia do outro, visto que em determinado momento a solidão assume o seu mundo e a poltrona vazia do seu lado é preenchida por um testemunho em lágrimas do ocupante do leito ao lado.

Mas, algo acontece naquele interior apertado, independente da personalidade de cada paciente e do tempo em que convivam, nasce um laço de amizade, de preocupação com o próximo, do envolvimento com o sofrimento e a dor no corpo e na alma do enfermo gravíssimo e daqueles que não correm risco de morte, uma família nova em um cenário cheio de histórias e quanto mais horas compartilhando o mesmo espaço, mais lágrimas escorrem nos rostos dos que ficam no quarto do hospital, e naqueles que recebem alta.

Mediante o lamento e apreensão, o adeus é sincero e comovente, mas outros entrarão e outros não conseguirão sair com vida, contudo emana sempre uma amizade no meio da aflição dentro do quarto de um hospital.

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